Ontem recebemos a moça do IBGE aqui em casa... fez algumas perguntas engraçadas (ao menos para nós):
- Seu primeiro nome e último sobrenome...?
- Lu Lis
- Primeiro nome e último sobrenome do seu marido...?
- Wind Lis
- Primeiro nome e último sobrenome da sua filha...?
- Su Lis
- Ela é filha do seu marido?
(Hmmm... não está óbvio? Mas vá lá)
- Sim.
- Sua renda em julho de 2010?
(Pensa...pensa... fazendo tanto freela, fica difícil responder assim, de sopetão)
- R$ X,00
- Sua cor de pele é branca, parda, mulata ou preta?
- Parda
- E a cor de pele do seu marido?
- Branca
- E a da sua filha?
- Sei lá, moça... tá vendo ela aqui? Ela é mais branca que eu, mais morena que meu marido... diz aí você, é branca ou parda?
- Não posso dizer, você é que precisa declarar...
- Wind, responde essa... (esse negócio de cor de pele é tão relativo... tem gente que tem pele bem bronzeada, mas tem cabelo loiro e olho claro... e aí, a pessoa é parda?
Tem gente com pele bem branca e é filho de gente parda, índia ou afro-descendente, tem até feições puxando pra uma pessoa negra, índia ou oriental. E aí, a pessoa é branca? No fenótipo, sim, mas e no genótipo? Afinal, o que o IBGE quer exatamente saber? Eles é que deviam olhar pra pessoa e definir isso... mas a miscigenação brasileira é tão grande que será que vale a pena?
Complicado isso...)
- Bom, na certidão dela está "branca". Então põe branca.- diz Wind.
- Ok - diz a moça.
Mas será que respondemos certo?
Doideira esse treco de cor de pele, né? Em um país mega miscigenado, não é a cor da pele que define raça, mas sim o conjunto: o tipo de cabelo, os traços, o biotipo, a cor e o formato dos olhos... a pele é apenas um item. Além disso, em qual exato tom de marrom a pessoa deixa de ser negra e passa a ser parda? Quantos por cento de melanina deve existir numa pele para que passe do branco para pardo? Deveria o IBGE sair por aí com aquelas fitas de cores PANTONE como das gráficas, e colocar na pele das pessoas para checar a cor? E quem é que define os limites e as classificações? Entre o branco e o preto há uma infinidade de nuances... isso que nem falamos ainda do índio e do oriental. Acredito que existe muito mais gente indefinida por aí nesse Brasilzão.
Wind mesmo é um exemplo típico: branco demais para ser considerado pardo, mas europeu de menos para ser considerado branco total. Afinal, apesar da pele de leite e do pai alemão, sua mãe tem parentesco com índios.
Mas não era justo "alugar" a pobre moça com nossos questionamentos, então ficou por isso mesmo... e as cores que se misturem...
IBGE, vamos pular essa?
